terça-feira, 3 de agosto de 2010

Alguém viu a oposição, hem?

A visita da governadora Ana Júlia a Capanema, na semana passada, para entregar patrulhas mecanizadas a dez municípios da região nordeste do Pará, trouxe um novo alento aos prefeitos das cidades contempladas com o benefício das máquinas, mas – em especial, ao prefeito Eslon Martins. Para quem – como eu, acompanhou atentamente os discursos, viu que o momento era propício não somente para festa, mas – e principalmente, para prestação de contas e desabafos. E, quem deu o tom dos pronunciamentos foi o prefeito de Capanema, que, alegre – primeiro, pela ratificação da liderança política do município na região, e depois, pelo reconhecimento, por parte da governadora, de que, quem dá as cartas do jogo político, em Capanema, é o gestor municipal, traçou uma breve retrospectiva do estado em que o município se encontrava, quando ele assumiu o comando da Prefeitura. Mais uma vez, o prefeito não deixou por menos, citando o descontrole das contas públicas, que levou à falência a máquina administrativa; o descalabro da gestão municipal, que gerou prejuízos incalculáveis ao erário público e atraso de salários dos servidores municipais; o abandono da cidade, que, entregue aos urubus, não conseguia respirar, tamanha a fedentina. Aliás, que, em quantidade, os urubus daqui superavam os do Vêr-o-Pêso. Da mesma forma, a governadora foi sincera ao dizer como recebeu do governo passado o Estado. Ambos, em situação mais ou menos semelhante, tiveram que arcar com muitas dificuldades para colocar a casa em ordem. Mas conseguiram. E, agora, os primeiros resultados positivos dessa ação começam a aparecer. É óbvio, que problemas sempre hão de existir, mas nada que não possa ser resolvido. É tudo uma questão de tempo, conforme filosofava um amigo meu, muito chegado a essas coisas de sabedoria. Como disse, no palanque, um experiente político, há mais de vinte anos, que não se via uma ação governamental de tamanha envergadura. Para quem recebeu um município defraudado e desfalcado de máquinas e equipamentos, uma patrulha mecanizada como essa já se constitui em uma enorme ajuda. E a tal oposição, hem? Ficou em maus lençóis, sem saber o que fazer ou a quem recorrer, correndo feito barata tonta. E, quando percebeu que não poderia participar da festa, tratou de inventar uma empresa – em cima da hora, uma miniatura de estaleiro cujo armador é uma mistura de político e empresário. Não deu muito certo. A governadora até que chegou lá, na tal inauguração da oficina naval, fez lá o seu rapapé, bebeu uma garrafinha de água mineral e um cafezinho, mas sempre com a atenção voltada para onde estavam os votos, de que ela tanto precisa para se reeleger, porque, ali, eles não se encontravam. Na verdade, o que havia muito ali era ex, e só. Mas, mesmo assim, eles ainda ficaram muito contentes. E, como não podiam nem se aproximar da festa verdadeira, mandaram os deles irem lá. Soltaram uma pontinha para meia dúzia de desvalidos, que, entre quase cinco mil pessoas, esforçaram-se muito para fazer seus gritos chegarem lá em cima. Ninguém ligou! Só mesmo um repórter amador foi quem registrou o sussurro – porque ele também já estava previamente acertado com a malta, e – aí, saíram, no dia seguinte, tentando explicar o seu próprio fracasso, o que também não foi possível alcançar, porque, no fundo, eles sabem o quanto estão derrotados. O medo deles é com a reação do povo, quando descobrir que essa turma não possui nada de bom para oferecer a ele. É só conversa fiada, coisa que minha finada mãe – há muito, já batizava de papo furado. Ana Júlia deseja, sim, apoio político, mas de quem o possui para dar. Ela não quer saber de barcos ou de lorota – quer votos, porque são eles, que irão reconduzi-la ao poder.
E, voto não se fabrica, conquista-se.

Américo Leal – escritor e jornalista
MTE no 2.003/PA

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