terça-feira, 3 de agosto de 2010

Fator decisivo

O PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) paraense continua fazendo das suas. Se viva estivesse, minha mãe – certamente, estaria a refletir, de acordo com a lógica, que lhe era muito peculiar: “é um chove, não molha, que enjoa!” Santa sabedoria! Todos se lembram, que, na eleição passada, o partido, no primeiro turno, teve candidato próprio – José Priante, e somente no segundo turno, disputando com Almir Gabriel (PSDB), foi que apoiou Ana Júlia (PT). Vencido o pleito, Jader Barbalho e seus comandados trataram de arrumar os bagulhos, e – de malhas e bagagens, embarcaram no “regatão” do governo do Estado, onde, aliás, estão até hoje, beneficiando-se dos cargos. Agora, já no final do mandato petista, os peemedebistas acharam de inventar um troço, que eles estão chamando de “fator decisivo”, o que corresponde a dizer, que, para onde penderem, decidem a eleição. Disseram- lhes também que eles detêm a força política no Pará, que Jader – se quiser, sai candidato ao governo do Estado e ganha a eleição. Ora, se o PMDB tem tanta certeza disso, por que dá trela ao que o PT diz e faz? Se Jader fosse candidato, o partido não estaria no desespero, que está. Falta-lhe espaço de manobra, porque Jader mente tanto quanto Ana Júlia. Falta ao PMDB a credibilidade, atrás da qual o PT também anda correndo. Nessa semana, o deputado estadual, Parsifal Pontes (PMDB), saiu-se com a de que, na eleição passada, Jader foi o pai da candidatura Ana Júlia. Conversa mais besta, mas que serve para mostrar o quanto o partido é pernicioso, e quanto a política, quando praticada dessa forma, torna-se mesquinha e repugnante. Com essa tirada, Parsifal deixa à mostra, expõe, cruelmente, as podres entranhas de um poder corroído por tantas e tamanhas mazelas. Onde fica o tal Pará grandioso? Coitada de nossa gente! Saiu-se muito mal o deputado lá de Tucuruí, mas nos deixa grande lição, ao nos permitir avançar na percepção de nossas escolhas. Pobre Pará, que até para ser dividido está! Sinto-me sem forças. Mais uma vez, o que se tem à vista, é o loteamento do governo, a disputa por cargos, a fim de agasalhar, na máquina administrativa, os apadrinhados de hoje e de sempre, como forma de se manter na política, onde, só se sobrevive por conta de influências e arranjos. Uma boa dose de união pelo Estado – nesse momento, não seria má idéia. Mas como isso se tornou difícil. Governo e oposição jamais vão se entender, cada um em busca de uma hegemonia, que lhes permita se situar no plano político sem a ameaça de riscos ao exercício do poder. A oposição, que já foi ou busca o poder, não permite concessões, e a disputa fica cada vez mais acirrada. São os ossos da democracia participativa, onde todos tem direito de opinar – direta ou indiretamente. O voto, mesmo sem grandes incentivos, ainda pode se tornar uma ferramenta importante, desde que utilizada com inteligência, após fria e descomprometida análise das candidaturas. Nesse caso, o passado político dos candidatos tem muito a dizer, e – aqui, não custa nada se buscar fazer a diferença entre experiência no exercício de cargos públicos e safadeza pura e simples praticada, quando no exercício desses mesmos cargos. Há pessoas, nesse Estado, que, desde que entraram na política, sempre conseguiram se eleger sucessivamente, apesar das “encrencas” em que andaram se metendo. E olha, não foram poucas. O eleitor, infelizmente, tem decidido essa questão, mas – quase sempre, em seu próprio prejuízo.
Convém, mais vez, esperar para se conferir os resultados.

Américo Leal – escritor e jornalista
MTE n0 2.003/PA

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