quarta-feira, 21 de abril de 2010

A Deus o que é de Deus

Críticas às denominações "evangélicas" não são recentes. Já foram piores, porém. Hoje, circunscrevem-se às "neopentecostais". Se considerarmos em - ou a partir de Pentecostes o nascimento da igreja cristã, veremos, portanto, que ela é pentecostal e única, isso porque os evangélicos também são cristãos, assim como os católicos, evangélicos, e todos pentecostais. A confusão surgiu da divisão, primeiro com a Reforma, considerada protestante, que separou católicos e não-católicos; depois, com o "avivamento espiritual", que reclassificou os protestantes, relegando uns a um tradicionalismo imposto, e outros, a um pentecostalismo militante. O correto, portanto, é falar-se de neopentecostalismo, prática recentemente firmada - principalmente, na "doutrina" do batismo com o Espírito Santo como segunda bênção, acompanhado - ou seguido de falar "línguas estranhas". Profecias e visões também fazem parte da "doutrina". A teologia da prosperidade nada tem a ver com isso, muito menos com o crescimento dos pentecostalistas (nem todas as denominações pentecostalistas professam essa doutrina), que - por sua vez, não deriva do fato de algumas dessas denominações estarem ligadas - e até se utilizarem, como proprietárias, de emissoras de rádio e telvisão. Afirmar, como fez o professor, Clóvis Luz da Silva, no artigo, "A César o que é de César", publicado em "O Liberal", no dia 19 de abril de 2010, que o Império Romano concedia aos judeus o privilégio de exercerem livremente sua fé em Deus para que não se insurgissem contra ele é desconhecer o poder e o tamanho da fé judaica. A aliança político-religiosa é antiga e dinâmica, tendo sofrido, ao longo dos anos, significativas mudanças. Os primeiros a se utilizarem dessa aliança, nos tempos modernos, foram os católicos, e não os protestantes. O voto, enquanto instrumento de cidadania e ferramenta da democracia representativa também é novo, e seu exercício, por conta de mudanças estruturais e conjunturais também evoluiu, mas - nem por isso, abdicou de uma boa orientação, que, aliás, constitui-se em uma das etapas do processo eleitoral, sendo utilizada - sem cerimônias, por todos segmentos sociais e religiosos. Há erro nisso? Se houver, para onde vão as campanhas dos candidatos? O que não está correto é - exclusivamente: a) atribuir às lideranças "evangélicas" a prática do chamado voto de cabresto; b) considerar as denominações "evangélicas" como currais eleitorais; c) chamar os "evangélicos" de bois. E, para ficar apenas em um - o mais recente, cito o caso do Distrito Federal. Quem terá orientado o voto em José Roberto Arruda e seus comparsas, quem votou neles, e de grupo religioso são adeptos? Estou convicto de que esses eleitores exerceram, sim, livremente, seu direito de voto. Não necessitaram, portanto, de ir em nenhum supermercado espiritual para trocar voto por graça de Deus.

Aleluia!

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