sexta-feira, 9 de abril de 2010

Fernando Henrique versus Lula

Os termos do editorial de sexta-feira (09/04) de "O Liberal" são ingênuos. "Do nada a lugar nenhum" - esse é o título do artigo, ressalta a pouca (para não dizer nenhuma) qualidade do debate eleitoral, que se aproxima. Ele - o editorial, bem que gostaria que esse debate fosse ao mesmo tempo esclarecedor e formador de convicções e juízos acerca dos grandes temas de interesse nacional. Mas, quando foi que tivemos um debate desse nível? Não lembro. Lembro, sim, da eleição presidencial, em que o candidato, Fernando Collor, apresentou à população brasileira (e não apenas ao eleitor) a filha escondida de Lula. Isso foi esclarecedor? Na primeira disputa com Lula, Fernando Henrique Cardoso usou o Plano Real para se eleger. Errou? Claro, que não! Depois, reelegeu-se respaldado no controle da inflação, que dava alguma folga ao trabalhador. Que tipo de juízo esse debate formou? Não sei. Agora, o texto cobra um debate ético. Quando, em política, teve-se ética? A oposição de hoje é a situação de ontem. Hoje, invertem-se apenas os papéis. José Serra, do PSDB, não representa a oposição? Se não, de que lado está? Não tem jeito. A situação é essa. Não há meio termo. O debate eleitoral desse ano - como os anteriores, não formará convicções, até porque grande parte dessas convicções já se encontram - há muito, formadas. O eleitor minimamente "esclarecido" já sabe em quem votar, já tem o seu candidato, e fim de papo. Essa história de indecisão é conversa para boi dormir. Será que oito anos de governo Lula - assim como oito anos de Fernando Henrique, não foram suficientes para que o eleitor firmasse o seu voto, firmando, também, a sua convicção acerca dos grandes temas de interesse nacional? O aludido editorial choveu no molhado. Não disse nada além do que já se sabe. Talvez esteja tentando se desculpar ou justificar o óbvio: que a disputa eleitoral desse ano, principalmente em nível de Presidência da República, será comparativa. Oito anos de mandato para cada lado. Oito de Lula e oito de Fernando Henrique. O candidato da oposição não será José Serra. Será Fernando Henrique Cardoso, assim como o candidato do governo não será Dilma Rousseff, mas, sim, Luiz Inácio Lula da Silva. A oposição fará o papel dela - e tem mais do que razão em fazer isso: ressussitar escândalos (mensalões e aloprados) do atual governo. O governo trará à lembrança do eleitor a economia maquiada de tempos anteriores a ele. Serra será apenas um detalhe e seu governo de São Paulo não servirá de parâmetro comparativo de gestão e execução de obras e programas sociais.
O debate político - ao contrário do que preconiza o editorial, refaz-se no calor da disputa eleitoral.

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