domingo, 25 de abril de 2010

O silêncio do falador

"Enfim, o impacto que a desistência de Ciro e o eventual uso na campanha de seu conhecido destempero terão a consistência e o prazo de validade de uma maionese. Ou seja, um dia ou dois." Parágrafo final do artigo, "Ciro e o rebuliço artificial", de Clóvis Rossi (São Paulo/Folhapress). O deputado federal, Ciro Gomes, não desistiu de ser candidato à Presidência da República. Ele foi - ou será, vetado por seu partido, e - por causa disso, ficará impedido de disputar a eleição. Levantamento do PSB diz, que, se a candidatura de Ciro fosse efetivada, teria apoio partidário do Ceará, Amazonas, Paraíba, Alagoas e Minas Gerais. Ainda assim, em Minas, o partido tem estreitas ligações políticas com o PSDB. Então, que sobraria a Ciro? Nada, praticamente. Em São Paulo, Espírito Santo e Rio Grande do Sul, o partido cobra migalhas do PT, como: liberação de partidos para coligar com ele e palanques duplos para Dilma, a candidata petista. Na Paraíba, os socialistas pedem neutralidade petista ao governo do Estado - o partido tem candidato próprio, e o PT apóia o candidato do PMDB. Frente a diminuto quadro, sou levado a concordar com Rossi, que atribui à fraqueza do bedate eleitoral o "frisson" jornalístico provocado pelo "impedimento" de Ciro. Imagine-se, se - hoje, Marina Silva (PV/AC), deixasse de ser candidata! Ora, quem se encarregou de deixar o candidato na "banheira" foi seu próprio partido. Está claro, porém, que, na disputa política, a "desistência" de Ciro - teoricamente, joga a favor de Dilma. Lula torcia para que isso acontecesse? Claro! Mas, quem não sabia disso? Até a vovó! Está errado o presidente? Claro, que não! Hoje, Ciro poderia ser o candidato de Lula ao governo paulista? Certamente. Credenciais, ele tem para isso, afinal é filho de São Paulo, e possui domicílio eleitoral. Ainda no artigo, Rossi intui, que não se deve acreditar no que Ciro diz ou faz, "porque tem compulsão pela mentira tola." Em entrevista ao Jornal do SBT, a palavra utilizada por ele, para caracterizar sua vontade de prosseguir no páreo, foi "espernear", ou seja, dar pernadas, e - soberanamente, declarou que Serra é mais preparado que Dilma para governar o país. Rossi questiona: "Mas qual é a autoridade de Ciro para decretar quem é melhor que quem?" E lembra o seguinte: "Na campanha de 2002, Ciro dizia que um eventual governo Lula seria uma aventura. Lula ganhou, e Ciro embarcou na 'aventura', transformando-se em ministro." E vaticina: "Nada impede, portanto, que, amanhã ou depois, Ciro Gomes aceite um convite para ser ministro de uma presidenta que ele considera menos preparada." Nos últimos dias, Ciro - assim como os demais candidatos, tem concedido muitas entrevistas. Por isso, tem falado demais. O deputado Márcio França, presidente do PSB de São Paulo, disse, que, "para o tipo de índole dele, que é de guerreiro, não se podia esperar outra coisa". Mas, já praticamente alijado do pleito, Ciro parece ter caído em si, afirmando, que, a partir de agora, adotará a estratégia do silêncio. "O silêncio é importante nas horas difíceis assim. Tem muita gente intrigando. O que eu falo vira manchete maliciosa", disse o deputado.
É esperar para ver.

Nenhum comentário:

Postar um comentário