segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ironia que fede

Eliane Cantanhêde (Brasília/Folhapress) vibrou com o lançamento da candidatura de Serra (PSDB) à Presidência da República, manifestando todo seu entusiasmo em artigo dessa semana (O partido das massas cheirosas), no qual se confessa também impressionada com o que viu no encontro do partido. O que lhe chamou atenção foi, entre tantos detalhes - usando as palavras da própria articulista, a costumeira "elegância chocha tucana" ser revertida em "energia petista", nesse tipo de evento. Comparou os lançamentos das candidaturas de Dilma (PT) e Serra, e concluiu que o da mulher "foi um show protocolar", enquanto o do homem, "uma bagunça". Observou mais: que "o PSDB se esforçou para parecer um partido de massas". E, apoiando-se em "ironia" de um assessor, escreveu: "Mas massas cheirosas..." Nesse dia, Eliane estava muito atenta. Atentou até para os ônibus que transportaram os militantes e "sacou" que eram "novinhos em folha". Sobre isso, calou-se, desprezando esse pormenor. Na varredura, a jornalista tomou conhecimento de que, enquanto nos bastidores, o tucanato discutia se FHC deveria ou não discursar, na convenção, "ele foi um dos mais ovacionados". Daí pra frente, centrou atenção no discurso do candidato, destacando as bravatas dele: que os avanços brasileiros de hoje são os mesmos de 25 anos a trás, que governos são para servir ao povo e unir nações, que não devem servir a partidos políticos, que não são para estimular disputas entre pobres e ricos, e que não devem jogar governo contra oposição. E, concluindo seu leque de observações, definiu o eixo da campanha de Serra: "êxitos não são de um só homem ou de um só governo". Na visão da jornalista, para ser de massas, o partido político precisa ser "bagunçado", e - quem sabe, de "engravatados". Fora dele ficariam, portanto, os tais "descamisados", os de vestes surradas, os de chinelos, os de jibões, os desdentados, enfim. Quem sabe, se - nesse partido de massas cheirosas, só haja vagas para "aloprados" e "mensaleiros" de toda espécie. Eliane Cantanhêde não pode chegar a esse nível de observação, porque está impregnada do perfume preconceituoso dos "tucanos", que - até hoje, não se conformam com a ascenção de um nordestino pobre (isso mesmo) ao mais importante cargo da nação brasileira. Ela quis "fazer graça", apossando-se de uma ironia mal-cheirosa.
Não pegou bem.

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